A necessidade de purificação
constante da contaminação recorrente foi ensinada por Jesus quando Ele lavou os
pés dos Seus discípulos. Ele disse: “O que está banhado não necessita senão de
lavar seus pés, que o mais está todo limpo.” (João 13:10). O restante dessa
passagem “estais limpos, mas não todos”, o qual está explicado no verso
seguinte como querendo dizer: “Não estais todos limpos”, referindo-se a Judas,
mostra que Jesus estava tirando uma analogia entre a purificação física e a
purificação espiritual. Tanto como quem toma banho não precisaria de lavar-se
outra vez, mas de limpar-se do pé nos pés, assim quem se banhou no sangue de
Cristo não o repetirá mas, não obstante, estará na necessidade diária de se
purificar da contaminação que se lhe adere no seu contato com o mundo. Ele
“está todo limpo” quanto à sua posição perante Deus, mas na precisão de
confissão e perdão diários para que mantenham comunhão com Deus.
(6). 1 João 3:9 “Quem é nascido de
Deus não peca, porque Sua (de Deus) semente permanece nele; não pode pecar
porque é nascido de Deus.”
A respeito dessa passagem, temos o
seguinte a dizer:
A. Ela se refere ao padrão atual do
viver cristão e não a um mero padrão ideal.
A passagem fala do que é realmente o
cristão na sua conduta e não meramente de o que devera ser. Isto é evidente do
verso seguinte, que diz: “Nisto (isto é, na sua inabilidade para pecar) os filhos
de Deus são manifestos e os filhos do diabo.”
B. Ela se refere ao homem inteiro e
não meramente à nova natureza.
É evidente que a “semente” nesta
passagem se refere à nova natureza. O grego aqui é “sperma”. Está usada
quarenta e quatro vezes no Novo Testamento, significando quarenta e uma vezes,
não semente de plantio, mas progênie, descendências. Quando a Palavra de Deus é
chamada “semente”, o grego não tem “sperma”, mas “spora” ou “sporos”. Vide
Lucas 8:11; 1 Ped. 1:23.
Outra objeção de peso à idéia que
“semente” representa aqui a Palavra de Deus e o “Qualquer que” a nova natureza,
é que não é a Palavra de Deus que faz impossível a nova natureza pecar. É a
qualidade da nova natureza que faz isto impossível. Se a nova natureza fosse
pecaminosa, então a Palavra de Deus não impediria que ela pecasse mais do que
impede a carne de pecar.
Thayer faz “semente” nesta passagem
referir-se a energia divina do Espírito Santo operando na alma, pela qual somos
regenerados. Mas isto é uma interpretação puramente arbitrária. Não temos razão
para crermos que tanto o Espírito Santo como Sua energia são referidos ainda
como “sperma”.
Portanto, tomando a “semente” como se
referindo a nova natureza, necessariamente interpretamos “qualquer que” como se
referindo ao homem inteiro; porque é “ele”, o homem inteiro, em quem a
“semente”, a nova natureza, permanece, que não pode pecar.
C. Ela afirma, não que uma pessoa
regenerada não pode cometer um só pecado, mas que ela não pode seguir um curso
contínuo de pecado; não pode viver em pecado.
Adotamos esta interpretação desta
passagem pelas seguintes razões:
(a). É a única idéia que está em
harmonia com o texto. Está manifesto pelo contexto, como já foi observado, que
João falava daquilo que é exterior e atual, algo que faz uma diferença
manifesta em si e de si. Então, também, esta passagem evidentemente quer dizer
a mesma coisa como os versos seis e oito e, se possível, são menos favoráveis
as outras interpretações.
(b). Enquanto é verdade que o homem
todo não é nascido de Deus, todavia, em passagens gerais tais como a que ora se
considera a Escritura não faz distinção entre as duas naturezas do crente, mas
frouxamente se refere ao homem como um todo. Diz a Escritura: “Exceto UM seja
nascido de novo” e não “exceto um tenha uma nova vida nascida com ele”; “se
alguém está em Cristo, ELE é uma nova criatura”; não “ele tem uma nova criatura
nele”; “vivificou-NOS com Cristo”, não “vivificou uma nova vida dentro de nós”;
“ele nos gerou pela Palavra da verdade”, não “ele gerou algo dentro de nós pela
Palavra da verdade.”
(c). é a única idéia que toma conta
do presente infinitivo “pecar” (grego- “harmartanein”) na última parte da
passagem. O infinitivo presente sempre significa ação durativa, linear,
progressiva – ação em sua duração continuativa. Por causa deste sentido do
infinitivo grego, Weymouth traduz a passagem: “Ninguém que é um filho de Deus
está habitualmente culpado de pecado. Um germe dado de Deus, de vida, fica nele
e ele não pode pecar habitualmente”. E Sawtelle explica “não faz pecado”, como
significando: “Não o faz como a Lei de sua vida, como a tendência do seu ser;
não pertence à esfera do pecado.”
D. Notem os perfeccionistas
impecáveis os seguintes fatos sobre esta passagem:
(a). Sua afirmação aplica-se a toda
gente salva; não apenas a alguns que alcançaram um suposto plano elevado de
vida. Assim esta passagem mata a teoria da “segunda benção”. A passagem esta
falando sobre o que o crente é em virtude da regeneração, não o que ele é em
virtude de uma suposta “segunda obra de graça”.
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