A DOUTRINA DA SANTIFICAÇÃO Vl

2. AS ESCRITURAS EXPLICADAS
Assumimos as seguintes passagens da Escritura tidas pelos perfeccionistas impecáveis como prova da sua teoria.
(1). As passagens que falam do crente como sendo “perfeito”
Referimo-nos aqui a semelhantes passagens como Lucas 6:40; 1 Cor. 2:6; 2 Cor. 13:11; Efe. 4:11; Fili. 3:15; Col. 4:12; 2 Tim. 3:17.
A perfeição dessas passagens não é absoluta: é apenas perfeição relativa. Algumas vezes a palavra “perfeito” refere-se só a maturidade cristã em contraste com a fraqueza de criancinhas em Cristo. Algumas vezes quer dizer somente que aqueles a quem descreve estão livres de qualquer falta grave. Assim nos é dito que Noé era um homem justo e perfeito” (Gen. 6:9), ainda mesmo bêbedo (Gen. 9:21). E assim se diz que Jó era perfeito e justo” (Jó 1:1).
O emprego da palavra “perfeito” em Fil. 3:15 lança luz interessante e instrutiva sobre o seu sentido usual na Escritura. No verso 12, como já notamos, Paulo renuncia à perfeição. Então, no verso 15 ele endereça uma exortação à “tantos quantos são perfeitos”. É perfeitamente evidente, então, que no verso 12 ele faz referência à perfeição absoluta, enquanto que no verso 15 ele alude aos que são relativamente perfeitos ou maduros. E a estes ele exorta a “sentir o mesmo”. Por isto ele quer dizer que eles devem renunciar à perfeição absoluta, como ele fez, e prosseguir para coisas mais elevadas. Assim vemos que “perfeito”, a luz do significado costumeiro do termo na Escritura, quando aplicado a crentes, exige que crentes renunciem a perfeição absoluta e todavia prossigam para coisas mais elevadas. O indivíduo que professa perfeição impecável e o que não está prosseguindo para frente não são “perfeitos”.
(2). Mat. 5:48 “Vós, portanto, sede perfeitos, assim como o vosso Pai celeste é perfeito.”
Nesta passagem Jesus firma para os Seus discípulos o ideal de perfeição absoluta. Ele não podia ter firmado nada menos do que isto sem coonestar e encorajar o pecado. Mas não há nada aqui ou em qualquer outro lugar que implique que os seguidores de Cristo ainda alcancem este ideal na carne. De fato, é ímpio afirmar que atingem este ideal, pois a perfeição oferecida é a de Deus mesmo.
(3). 1 Tess. 5:23 “E o Deus de paz mesmo voz santifique em tudo e sejam conservados inteiros vosso espírito e alma e corpo sem mancha na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”
Esta passagem deve ser entendida à luz da própria experiência de Paulo e à luz da Escritura como um todo. Se Paulo orou pela completa santificação dos tessalonicenses nesta vida, então ele orou por algo para eles que ele mesmo não tinha provado, ou então ele perdeu mais tarde sua completa santificação; porque, quando ele escreveu aos romanos muito depois, como temos notado, ele não professou impecabilidade.
A santificação porque Paulo orou para que Deus operasse nos tessalonicenses foi, na verdade, santificação completa, como evidenciado pela palavra grega “holoteles”; mas ele não indica que é para se cumprir nesta vida. A Escritura muito definitivamente condena a noção que Paulo esperou que ela se cumprisse nesta vida. E a menção da vinda de Cristo sugere que ele contemplou o futuro como o tempo quando sua oração estava para ter completa resposta. Paulo orou pelo prosseguimento da santificação progressiva, assim como Cristo orou pelo mesmo para os Seus discípulos (João 17:17), cuja santificação progressiva resultaria em completa santificação na segunda vinda de Cristo.
(4). 1 João 2:4 “Aquele que diz, eu O conheço e não guarda os Seus mandamentos, é um mentiroso e a verdade não está nele.”
Juntamente com esta passagem podemos classificar outras passagens semelhantes tais como João 14:23; Rom. 8:12; 1 João 1:6.
Estas passagens fazem referência ao teor geral da vida cristã. Elas não podem ser tidas como ensinando que quem está salvo guarda os mandamentos de Deus perfeitamente em qualquer momento, porque outras passagens o negam.
O Rio Mississipi proporciona uma excelente ilustração da vida cristã. Se se perguntar a alguém para que direção corre esse rio, responderá que corre na direção sul; mas a matéria de fato é que este rio algumas vezes corre para leste, outras para oeste e algumas vezes mesmo corre numa direção norte. Mas, a despeito destes fatos, prosseguimos dizendo que ele corre para o sul. Assim falamos porque consideramos o rio como um todo. Vemos o alvo principal do rio. Assim é com a vida cristã. Quando é vista como um todo, ou quanto ao seu alvo principal, percebe-se que é uma vida de justiça; mas a caudal, quanto ao seu alvo não é tão rápida perto das margens como é no centro. E nunca conservará sempre sua direção usual: baterá em obstruções que a desviarão temporariamente, mas de novo assumirá o seu curso normal no futuro.
(5). 1 João 1:7 “O sangue de Jesus Cristo seu Filho purifica-nos de todo pecado.”

Alguns têm a idéia que esta passagem quer dizer que o sangue de Jesus Cristo faz-nos impecáveis quanto a estado. Mas não é assim. O sangue de Jesus Cristo purifica-nos somente quanto à nossa posição perante Deus. Esta passagem faz referência á justificação e santificação legais, mas não à santificação progressiva e prática.

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